20 de fevereiro de 2009

Tudo o que vem de ti é um poema. . .



Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos

e o teu perfume a transpirar na minha pele.

E o corpo doeu-me onde antes os teus dedos foram aves de verão

e a tua boca deixou um rasto de canções.

No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha camisola;

e eu despi-a para ti, a dar-te um coração que era o resto da vida

- como um peixe respira na rede mais exausta.

Nem mesmo à despedida foram os gestos contundentes:

tudo o que vem de ti é um poema.

Contudo, ao acordar, a solidão sulcara um vale nos cobertores

e o meu corpo era de novo um trilho abandonado na paisagem.

Sentei-me na cama e repeti devagar o teu nome,

o nome dos meus sonhos,

mas as sílabas caíam no fim das palavras,

a dor esgota as forças,

são frios os batentes nas portas da manhã.


Maria do Rosário Pedreira