22 de março de 2008

Não tenhas medo do Amor


Não tenhas medo do amor.

Pousa a tua mão devagar
sobre o peito da terra e sente respirar
no seu seio os nomes das coisas
que ali estão a crescer:
o linho e genciana; as ervilhas-de-cheiro
e as campainhas azuis; a menta perfumada para
as infusões do verão
e a teia de raízes de um pequeno loureiro
que se organiza como uma rede
de veias na confusão de um corpo.

A vida nunca
foi só Inverno, nunca foi só bruma e desamparo.

Se bem que chova ainda, não te importes: pousa a
tua mão devagar sobre o teu peito e ouve o clamor
da tempestade que faz ruir os muros:
explode no teu coração um amor-perfeito,
será doce o seu pólen na corola de um beijo,
não tenhas medo,
hão-de pedir-to quando chegar a primavera.


Maria do Rosário Pedreira

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