22 de setembro de 2007

A Amizade


- O vosso amigo
é a respostas às vossas necessidades.

É o vosso campo semeado com amor
e ceifado com reconhecimento.

É a vossa mesa, e o vosso lar.
Porque vindes a ele com a vossa fome
e procurais nele a paz.

Quando o vosso amigo revela o seu pensamento,
não temais o não do vosso próprio espírito,
nem lhe recuseis o sim.

E quando ele estiver silencioso,
o vosso coração
não deixe de escutar o seu coração.

Porque na amizade, todos os pensamentos,
todos os desejos, todas as expectativas,
nascem sem palavras
e partilham-se numa alegria calada.

Quando vos separardes do vosso amigo,
não vos aflijais.

Porque aquilo que mais nele amais
pode ficar claro na sua ausência,
como o alpinista para quem a montanha
é mais nítida vista da planície.

Porque não há outro fim na amizade
senão o de aprofundar o espírito.

Ora o amor
que busca outra coisa além da revelação
do seu próprio mistério,
não é amor mas uma rede atirada
onde apenas o inútil fica caçado.

E que o melhor de vós mesmos
seja para o vosso amigo.

Se tem de conhecer o refluxo da vossa maré,
que conheça também o fluxo.
pois, para que serve o vosso amigo,
se o buscais para matar o tempo?

Buscai-o sempre para as horas vivas.

Pois compete-lhe resolver a vossa necessidade,
e não encher o vosso vazio.

E na doçura da vossa amizade
haja também o riso
e os prazeres partilhados.

Porque no orvalho das pequenas coisas
o coração encontra a manhã
e a sua frescura.


O Profeta de Kahlil Gibran - O meu guia para a meditação

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